“Os projetos de Tecnologia Social promovem mais do que trabalho e renda, transformam as pessoas em agentes de mudanças dentro das comunidades.“

A tecnologia social engloba a produção de métodos, técnicas, processos, serviços ou produtos inovadores que valorizam a inclusão e a transformação social e são desenvolvidos num processo que une o conhecimento científico ao saber popular, envolvendo valores éticos, sociais e ambientais. O estudo analisou o movimento da tecnologia social no Grande ABC Paulista, com ênfase na experiência de um grupo de cooperativas, a Cooperativa Central dos Catadores e Catadoras do Grande ABC (Coopcent ABC) oriunda da união de três pequenas cooperativas de recicláveis (Cooperlimpa de Diadema, Cooperma de Mauá e Cooperpires de Ribeirão Pires) que desejavam fortalecer organizações de catadores nos municípios da região e promover melhorias na coleta, triagem, armazenamento e comercialização dos resíduos, viabilizando a venda coletiva com melhores preços de comercialização.

A tecnologia social implementada pela Coopcent ABC é a metodologia de fabricação de vassouras e varais originados de garrafas pet. Foi criada por um membro da comunidade de catadores, Sr. Claudinei de Lima, que inventou um equipamento para cortar as garrafas pet em fios e idealizou o processo produtivo para a fabricação da vassoura e do varal de pet, promovendo geração de renda e melhoria do meio ambiente.

Os dados recentes sobre investimentos realizados na área revelam o expressivo crescimento dos programas de tecnologia social no Brasil. Além disso, o Poder Público vem adotando a tecnologia social como estratégia para incluir econômica e socialmente as comunidades em situação de vulnerabilidade social, principalmente por meio de projetos que geram trabalho, renda e promovem a educação.

O estudo mostrou que as cooperativas funcionam com dificuldades, necessitando de um apoio mais efetivo e constante do Poder Público. Outra necessidade observada é a qualificação do quadro de cooperados, em geral formado por trabalhadores de baixa escolaridade que ainda utilizam majoritariamente o “aprender fazendo”. Embora já dominem o processo produtivo, os cooperados têm dificuldade para acompanhar o desenvolvimento das tecnologias relevantes em sua esfera de atuação e buscar novas oportunidades de negócio.

Por outro lado, a entrevista com o criador da tecnologia social estudada demonstra como a experiência foi transformadora no que se refere à autoestima e às noções de autonomia e de direitos do cidadão. Os resultados permitiram concluir que, apesar das barreiras existentes, a tecnologia social está se apresentando como uma forma de transformação social, não se restringindo à satisfação de necessidades de sobrevivência em situações de vulnerabilidade.

Simone Aparecida Pellizon

Simone Aparecida Pellizon

Mestre em Ciências Humanas e Sociais pela UFABC, Pós Graduada em Administração de Empresas – pela FGV e Graduada em Administração de Empresas – Ênfase: Recursos Humanos pela Fundação Santo André.

Atualmente é servidora pública e atua como Chefe da Divisão de Contratos dentro da Coordenação Geral de Suprimentos e Aquisições da Universidade Federal do ABC.

 

Confira abaixo algumas fotos da Coopcent ABC:

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Diadema

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Ribeirão Pires

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São Bernardo do Campo

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