Florence Nightingale, a mãe da enfermagem moderna (V.3, N.6, P.5, 2020)

Facebook Twitter Instagram YouTube Spotify
Tempo de leitura: 5 minutos
#acessibilidade Duas fotografias de Florence Nightingale, jovem à esquerda e idosa à direita.

Você sabe quem foi Florence Nightingale? Qual a importância dela para a saúde atualmente? E o que seria da enfermagem sem esta grande e batalhadora mulher? Ela é importante até hoje para a enfermagem. Persistiu e se dedicou em busca do investimento em saneamento básico em um hospital da Guerra da Crimeia, o que revolucionou as perspectivas de saúde até os dias atuais. Sempre fora generosa e cuidadosa com seus pacientes e era vista frequentemente visitando-os durante a noite com uma lanterna à mão, o que lhe rendeu o apelido de “dama da noite”. Em muitas obras, Florence é retratada segurando um lampião.

Há 200 anos, Florence Nightingale nascia em Florença, na Itália, em 12 de maio de 1820. Era uma mulher bastante impetuosa e não se contentava com o papel feminino que a sociedade impunha na época. Desejava dedicar-se aos estudos da estatística, mas não teve permissão para isso e decidiu seguir o caminho da caridade. Assim, viajou a Paris, onde conheceu o trabalho das Irmãs de Caridade de São Vicente de Paula, prestou assistência e auxiliou na administração, adquiriu noções de enfermagem e, apaixonada pela estatística, estudou os dados obtidos na caridade e desenvolveu gráficos das atividades realizadas.

No século XIX as condições hospitalares eram extremamente precárias, o saneamento básico era inexistente. Os ricos preferiam se tratar em casa, enquanto os pobres, que não podiam pagar por atendimento domiciliar, eram tratados em hospitais. Nightingale não se contentava com a situação dos hospitais e desejava mudar esta condição, fazendo parte do movimento progressista. Em dezembro de 1846, em resposta a um escândalo que envolvia a morte de um sem teto, tornou-se a principal defensora de melhorias no tratamento público. Aos 30 anos passou a fazer estágios em importantes hospitais da Alemanha e da França, iniciando sua jornada como enfermeira. Depois de formada, se mudou para Londres, onde trabalhou como superintendente de um hospital de caridade.

Antigamente a população era informada sobre a guerra por pinturas heroicas, não por diagramas utilizando dados reais, com os grandes heróis em leitos hospitalares. Porém, a Guerra da Crimeia foi retratada desta forma pelo jornalismo e a população se chocava com a realidade do campo de batalha. Em reação a isso, houve uma indignação pública com a negligência das tropas. Foi então que o Secretário da Guerra da Crimeia, conhecendo o movimento progressista do qual Florence fazia parte, a contratou para trabalhar em um hospital da guerra.

florence nightingale hospital - Florence Nightingale, a mãe da enfermagem moderna (V.3, N.6, P.5, 2020)

#acessibilidade Pintura retratando Florence Nightingale no hospital de Scutari segurando um lampião com a mão direita.

A principal contribuição de Florence Nightingale ocorreu entre 1854 e 1856 no hospital de Scutari, na Turquia, perto do campo de batalha da Guerra da Crimeia. Após o fim da guerra, relatou que das 18 mil mortes, aproximadamente 16 mil morreram de doenças infecciosas contraídas no hospital e não de ferimentos de guerra. Florence desejava fazer melhorias duradouras nos hospitais e para isso teria de convencer o governo britânico de que seria necessária uma reforma radical. Apesar da relutância do governo, Florence não desistiu e pediu uma audiência com a Rainha Vitória, buscando convencer a todos de que era necessário compreender porque tantos soldados morriam durante a guerra. Florence possuía grande reputação por conta da opinião pública, então o governo solicitou um relatório que seria apresentado a um novo comissário real. Foi então que ela trabalhou intensamente para expressar e organizar suas experiências no hospital de Scutari. Nightingale desejava chamar a atenção das pessoas, tanto estudiosos quanto não estudiosos, para os dados. Elaborou, então, o diagrama com cores fortes e com formas circulares sobrepostas, lembrando uma rosa, conhecido por “diagrama da rosa”.

O “diagrama da rosa” mostra que o número de mortes devido a doenças infecciosas era alto no período de abril de 1854 a março de 1855. Algo ocorreu, entretanto, para que no de período de abril de 1855 a março de 1856 as condições dos soldados melhorassem. O que seria, então, que causou esta mudança drástica na sobrevivência dos soldados?

O hospital de Scutari foi construído sob uma fossa, que exalava gases tóxicos. Os pacientes se deitavam em camas precárias ou no chão. Florence e suas 38 enfermeiras cuidavam dos soldados com todo o respeito. Lavavam adequadamente as roupas, com água quente, e forneciam uma nova dieta, balanceada, para os enfermos. Mesmo assim, a taxa de letalidade ainda era alta. Florence precisou fazer mais mudanças no hospital, foi então que no dia 4 de março de 1855 um especialista em cólera e um engenheiro sanitário visitaram o lugar. Viram, então, que o sistema de água estava entupido com dejetos e excrementos, cuja água chegava ao tanque de água que abastecia o hospital. As reformas necessárias foram realizadas e dentro de 1 mês as mortes por infecção haviam caído pela metade.

Apesar do grande rigor metodológico de Nightingale, a comissão real britânica não publicou boa parte dos dados, pois consideraram controversos. No entanto, publicaram o famoso “diagrama da rosa”.

diagrama da rosa - Florence Nightingale, a mãe da enfermagem moderna (V.3, N.6, P.5, 2020)

#acessibilidade “Diagrama da rosa” de Florence Nightingale. À esquerda estão os dados obtidos de abril de 1855 a março de 1856. Já à direita estão os dados de abril de 1854 a março de 1855. Os diagramas classificam o número de mortos de acordo com o tipo de morte (doenças, feridas ou outros tipos) e o mês. A importância do diagrama é a exposição de que de 1854 a 1855 o número de mortes por doenças contraídas no hospital é elevado e contínuo em comparação ao período de 1855 a 1856, quando há queda acentuada.

Por conta da relutância do governo britânico em publicar o relatório completo, Florence se enfureceu e, em outubro de 1858, vazou o material para centenas de pessoas influentes. Após três meses, Florence e seus apoiadores conseguiram convencer o governo britânico a publicar o relatório. O estudo de Nightingale foi essencial para que compreendêssemos que o dinheiro investido em saneamento básico é importante para nossa sobrevivência.

Quando Florence voltou da Guerra da Crimeia, contraiu uma doença infecciosa, não se sabe exatamente qual, mas possivelmente brucelose ou febre tifoide. Em casa ela escreveu o relatório descrito aqui, com quase 900 páginas, onde ela pode sistematizar e expor toda a sua experiência e a realidade do hospital em que trabalhou. Posteriormente ela escreveu, ainda, mais artigos e livros. Florence Nightingale morreu no dia 13 de agosto de 1970, com 90 anos. E em homenagem à mãe da enfermagem moderna, o Dia Internacional da Enfermagem é o dia de seu nascimento, 12 de maio.

Fontes:

Imagem destacada: Site Sou Enfermagem

Imagem 1: Florence Nightingale – Scutari Hospital – Criméia

Imagem 2: Florence Nightingale (1820–1910) / Public domain

https://www.spdm.org.br/saude/noticias/item/3392-200-anos-de-florence-nightingale-icone-da-enfermagem-moderna https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2020/04/florence-nightingale-como-ela-revolucionou-nossos-habitos-de-higiene.html https://www.youtube.com/watch?v=Ik6X2-DCudU

Compartilhe:

1 comentário(s) em “Florence Nightingale, a mãe da enfermagem moderna (V.3, N.6, P.5, 2020)

Responder

Seu endereço de e-mail não será publicado.Campos obrigatórios estão marcados *