A química por trás da depressão (V.2, N.12, P.4, 2019)

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Tempo de leitura: 3 minutos
#acessibilidade Pessoa sentada no chão encostada em uma parede segurando com as duas mãos uma folha vermelha na frente do rosto. Na folha estão desenhados dois olhos olhando na diagonal para baixo e uma boca triste.

Texto escrito pelos colaboradores Alícia Fortunato Batista, Susan Meirelles Dantas, Gabrielle Mathias Reis e Wagner José Odilon dos Santos

Você saberia diferenciar tristeza e depressão? A tristeza é um sentimento momentâneo reacional associado a algum evento que gerou essa sensação ruim, enquanto a depressão é uma doença complexa e grave que pode perdurar e trazer como possíveis sintomas: desinteresse por atividades antes prazerosas ou cotidianas, falta de motivação, dificuldades de realizar tarefas consideradas básicas, sentimento de isolamento e falta de pertencimento, problemas de relacionamento, perda de libido, alteração de peso, transtornos de sono, baixa autoestima, ideações suicidas entre outros.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (2009), a doença mais comum no mundo em 2030 não será o câncer ou doenças cardíacas, será a depressão. Em 2018, ela já afetava mais de 300 milhões de pessoas no mundo, sendo 11 milhões de brasileiros diagnosticados com a doença. Dificilmente todas as pessoas que sofrem da doença procuram tratamento adequado devido ao estigma em torno dela.

A depressão está na cabeça, mas não da forma como a maioria das pessoas imagina: diversas reações químicas acontecem a todo momento no cérebro. Quando uma pessoa está deprimida, alterações químicas importantes ocorrem em partes específicas do cérebro e os neurotransmissores, substâncias responsáveis pelo envio de informações para outras células, têm seus níveis alterados, não cumprindo seu papel de mensageiros do sistema nervoso. Além da relação comprovada entre a desregulação desses compostos e os sintomas da depressão, a doença também está associada a questões biológicas e ambientais.

Regiões específicas do cérebro são responsáveis pelo processamento de sintomas distintos, associados a neurotransmissores, como noradrenalina, dopamina e serotonina (Figura 1).

neurotransmissores - A química por trás da depressão (V.2, N.12, P.4, 2019)
Figura 1: Neurotransmissores: a) noradrenalina b) serotonina e c) dopamina
#acessibilidade Três imagens de fundo preto com representações das moléculas dos neurotransmissores: noradrenalina, serotonina e dopamina.

As células responsáveis pela comunicação do cérebro com ele mesmo e com o corpo são denominadas neurônios. A junção destes chama-se sinapse, região que apresenta uma fenda. Os químicos neurotransmissores provenientes de um neurônio passam pela fenda da sinapse e são recebidos pelo próximo neurônio por meio de um receptor específico para aquele composto. Ao interagir com a segunda célula, ocorre um estímulo para o prosseguimento da transmissão química para o restante do cérebro. Como essas células formam uma rede de conexão e cada uma delas apresenta de 10.000 a 30.000 sinapses, a falha de poucas delas ou a ausência parcial de algum dos neurotransmissores afeta a rede como um todo, causando desequilíbrios, tais como a depressão.

Durante o tratamento, busca-se regular o nível dos neurotransmissores de modo a tornar efetiva a comunicação dos neurônios entre si e com o corpo. De acordo com os sintomas do paciente, o profissional responsável (psiquiatra) realiza o diagnóstico adequado e receita medicamentos para ajustar a quantidade das substâncias em deficiência. Além do tratamento medicamentoso, alguns cuidados e atividades podem ser realizados para auxiliar na melhoria do paciente, com elevação parcial dos níveis desses compostos, por exemplo: dormir de 7 a 9 horas e fazer exercícios físicos regularmente estimulam a produção de dopamina, ter contato com a natureza e recordar momentos de satisfação e felicidade elevam o nível de serotonina.

Compreender os vários fatores envolvidos na depressão, além de agregar conhecimento, gera maior empatia para com portadores da doença e menor culpabilização destes, levando a aumento da qualidade de vida. Além disso, permite que não apenas os que sofrem com ela, mas toda a população compreenda a necessidade de pesquisa sobre o tema.

Fontes:

Fonte da imagem destacada: Imagem de PDPics por Pixabay

http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,6993,ECT545744-1716-1,00.html

https://www.medley.com.br/podecontar/preciso-ajuda/depressao-aspecto-quimico

https://www.psicologiaprevitali.com.br/por-tras-da-tristeza-quimica-da-depressao/

https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5635:folha-informativa-depressao&Itemid=1095

https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/depression

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1 comentário(s) em “A química por trás da depressão (V.2, N.12, P.4, 2019)

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