O que acontece no seu corpo após tomar aquela cerveja gelada? (V.2, N.12, P.2, 2019)

Facebook Twitter Instagram YouTube Spotify
Tempo de leitura: 4 minutos
#acessibilidade Desenho de um homem de camisa azul com um esquema do aparelho digestivo por cima dela, onde pode-se ver o estômago, fígado, intestino delgado e intestino grosso. No estômago o álcool, representado por carinhas verdes visivelmente embriagadas, entram no organismo e passam pelo intestino delgado. No fígado uma delas aparece abraçada com duas moléculas de água enquanto outra é moída em um moedor de carne por uma enzima vestida de policial.

Texto escrito em colaboração com Jéssica Oliveira Aguiar Perez, Marcos Ferrer Lima e Renato Cunha

A cerveja, assim como muitas outras bebidas alcoólicas, é bastante apreciada após um dia duro de trabalho, mesmo as pessoas que não são fãs da popular cerveja podem apreciar um vinho após alguma refeição ou mesmo uma caipirinha em um dia de muito calor. Muitas informações sobre essas bebidas fazerem bem ou mal estão desencontradas na internet. Afinal, o quanto beber álcool pode fazer mal ao nosso corpo?

O álcool, também chamado de etanol ou álcool etílico, é uma droga lícita de fácil acesso e é consumido pela humanidade desde séculos atrás. Fato é que seu consumo tem aumentado, principalmente entre os jovens, que iniciam o contato com bebidas alcoólicas cada vez mais cedo. Esse fato pode se tornar um problema social, já que os problemas decorrentes do consumo exagerado de álcool podem causar perturbação na vida familiar e profissional. Por um lado temos a indústria e o comércio estimulando o consumo com suas propagandas e programas gastronômicos, por outro os consumidores que não abrem mão da presença do álcool em seus eventos sociais de confraternização e diversão como festas e churrascos.

Mas como funciona a química da produção do álcool?

As bebidas alcoólicas podem ser produzidas pelos processos de fermentação, seja de malte ou frutos, os quais resultam num teor alcoólico (quantidade de etanol presente na bebida) em torno de 11%. Esse valor em porcentagem que está expresso nos rótulos das bebidas alcoólicas significa que 11% do volume da bebida é álcool etílico. Bebidas com teor alcoólico superior a 11% são obtidas por processo de destilação de bebidas fermentadas. Ou seja, todas as bebidas que dispomos para consumo, seja ela cerveja, vinho, vodca, uísque, rum, licores e destilados da cana de açúcar, contém álcool em sua composição. A mágica bioquímica do nosso organismo é o que explica nossa embriaguez.

O álcool se mistura facilmente com a água e, ao ser ingerido, tem a sua absorção pelo organismo de forma muito rápida; 20% do álcool ingerido é absorvido pelo estômago e 80% pelo intestino delgado. Em geral, leva em média de 15 a 60 minutos para que o álcool entre na corrente sanguínea e percorra todo o corpo. Esse tempo depende do tipo de bebida, do teor alcoólico presente na bebida, da quantidade de doses ingeridas, da velocidade que se bebe, se o estômago está vazio ou não e do sexo do indivíduo. Sim, a mulher possui maior sensibilidade aos efeitos do álcool devido a sua conformidade física (peso e resistência). 

O álcool presente na corrente sanguínea é distribuído para os órgãos, sendo o fígado o responsável por metabolizar 90% do álcool no organismo e os outros 10% (álcool puro) são eliminados através da urina, respiração e suor (mas não adianta beber correndo, já que a velocidade com que se bebe é bem maior do que a eliminação pelo organismo). A grande questão é que o fígado processa por hora o equivalente apenas a uma lata de cerveja ou uma taça de vinho, por isso, o excesso de álcool durante esse tempo passa a intoxicar o organismo, ou seja, se o indivíduo beber quatro latas de cerveja, o álcool estará em seu corpo por pelo menos quatro horas. 

Mas como o meu corpo faz para eliminar essa bebida?

Quimicamente falando, o etanol é eliminado em duas etapas: na primeira etapa uma enzima presente no corpo humano, chamada álcool desidrogenase (ADH), ataca o etanol e o converte em acetaldeído, uma substância muito mais tóxica do que o próprio etanol. Na sequência outra enzima chamada aldeído desidrogenase (ALDH), rapidamente transforma o acetaldeído em acetato. Essas substâncias tóxicas produzidas pela degradação do álcool retornam à corrente sanguínea percorrendo todo o corpo, inclusive o cérebro. 

Dependendo da condição física da pessoa e a quantidade de bebida alcoólica ingerida, os efeitos do álcool em excesso são imediatos; como a dor de cabeça, aumento da vontade de urinar, dificuldade em falar, visão alterada, diarreia, azia, vômito, sono, alteração no raciocínio e coordenação motora, perda de reflexos e, até mesmo, coma alcoólico. 

Os efeitos a longo prazo são verificados nos órgãos como o coração, cérebro, fígado, estômago e rins. Vale ressaltar que o fígado é o órgão que mais sofre com a ação do álcool por ser o responsável em metabolizar o etanol presente no organismo. Dentre outras, duas das doenças causadas pelo álcool no fígado são o câncer e a cirrose hepática, doença irreversível e que leva o indivíduo à morte.

Os efeitos a longo prazo também são sentidos nos sistemas do corpo humano como o sistema nervoso, respiratório, digestivo, imunológico e cardiovascular. No sistema nervoso, o álcool age como uma droga depressiva comprometendo as funções cerebrais responsáveis pela memória e coordenação motora. Isso sem contar os problemas causados pela irresponsabilidade com o álcool, que causam milhares de mortes por ano no trânsito, por exemplo.

Claro, todo mundo quer se divertir e a bebida é uma maneira de extravasar um pouco da tensão decorrida de uma semana de trabalho. O importante é ter consciência e utilizar a frase batida, mas real, “beba com moderação”. O seu corpo agradece!

Fontes:

Fonte da imagem destacada: Revista Super Interessante

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_unioeste_bio_artigo_maria_de_lourdes_veronezi.pdf

https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/54735/3/130844_0954TCD54.pdf

https://lume.ufrgs.br/handle/10183/88264

https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/123456789/2371/2/20023008.pdf

https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3757/1/Joana%20Vieira.pdf

https://pubs.niaaa.nih.gov/publications/aa72/aa72.htm

Compartilhe:

Responder

Seu endereço de e-mail não será publicado.Campos obrigatórios estão marcados *