Microalgas para decoração (V.2, N.7, P.1, 2019)

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Tempo de leitura: 3 minutos
#acessibilidade A imagem mostra um espiral de tubos de vidro transparentes contendo líquido verde. Este espiral envolve um conjunto de lâmpadas brancas dispostas na vertical que iluminam o líquido.

Lembram-se das microalgas sobre as quais falamos no texto “Microalgas? Elas são micro-organismos capazes de realizar fotossíntese e por isso, assim como as plantas, absorvem CO2, liberam O2 e precisam de luz para que possam sobreviver. As plantas terrestres apresentam estruturas como caules, folhas e flores, e são muitas vezes cultivadas para decorar, colorir e dar vida aos ambientes. E as microalgas, poderiam ser utilizadas para a mesma finalidade?

As microalgas são microscópicas (não conseguimos visualizá-las a olho nu) e não apresentam estruturas atraentes, como as folhas e flores. Entretanto, também apresentam pigmento dentro delas e por isso podemos observar que o líquido onde elas crescem pode apresentar cor alaranjada (pigmento astaxantina) ou verde (pigmento clorofila), por exemplo.

Da mesma forma que convivemos em ambientes internos com plantas, poderíamos cultivar as microalgas que, diferentemente das plantas terrestres, podem dobrar a quantidade de sua massa em um dia e crescem em meio líquido contido em recipientes denominados fotobiorreatores. Estes fotobiorreatores nada mais seriam que peças de decoração feitas de plástico ou vidro transparentes para que recebam luz externa já que, afinal, queremos ver as microalgas crescendo! Sistemas bastante sofisticados com controles de agitação, temperatura, luminosidade, entrada automática de gases e nutrientes podem ser utilizados para o crescimento das microalgas; ou bem básicos, como os abertos, com sistemas simples para agitação e sem controles, como em um aquário.

Os estudantes Douenias e Fryer, da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Carnegie Mellon já demonstraram, em exposição no Museu de Arte Contemporânea, a possibilidade de montagem de fotobiorreator transparente feito de vidro em formato de gota, com mangueiras para remover a cultura verde, ao mesmo tempo podendo adicionar líquido transparente de meio novo com mais nutrientes para as microalgas. O frasco pode apresentar lâmpada interna ou externa próxima, o que torna o fotobiorreator (recipiente) um possível objeto de decoração como uma luminária que irá apresentar a cor da microalga. Mas que benefício a mais poderia haver um abajur de microalga? O líquido verde coletado e posteriormente seco pode ser utilizado para complemento na alimentação humana e animal (aminoácidos essenciais, pigmentos, ácidos graxos) e também como fertilizante para hortas urbanas! Além disso, as microalgas podem consumir o gás resíduo CO2 (dióxido de carbono) que é causador do efeito estufa e pode ser aqui adicionado como nutriente (fonte de carbono) simplesmente borbulhando o gás no líquido.

Numa escala maior, na Alemanha, já foram construídos fotobiorreatores no formato de placas ao redor de um prédio inteiro. Neste caso, a cultura de microalgas pode ser útil para o sombreamento que o prédio precisa. Devido à maior escala, a remoção de CO2 é mais relevante, além do uso da luz solar que é gratuita e possibilidade de aplicação da biomassa para geração de energia!

Fotobiorreatores no formato de árvore também foram elaborados, afinal, por que não imitarmos o formato da natureza? Estes fotobiorreatores poderiam ser utilizados para decoração e iluminação de ambientes abertos públicos como praças de cidades. Durante o dia a luz do sol fornece energia para células e à noite quem faz este papel é a luz artificial de lâmpadas que acendem e iluminam o líquido verde decorando e dando vida à cidade! Você já pensou em quais seriam as próximas inovações para decoração com microalgas?

Fontes:

Fonte da imagem destacada: IGV Biotech [CC BY-SA 3.0], via Wikimedia Commons

Brownlee J (2015) The Future Of Home Decor: Vats Of Edible, Bioluminescent Algae?. Acesso em 23.05.2019: https://www.fastcompany.com/3049588/the-future-of-home-decor-vats-of-edible-bioluminescent-algae.

Elrayies GM (2018) Microalgae: Prospects for greener future buildings. Renewable and Sustainable Energy Reviews Volume 81, Part 1, p. 1175-1191, ISSN 1364-0321.

Jochum M, Moncayo LP, Jo Y-K (2018). Microalgal cultivation for biofertilization in rice plants using a vertical semi-closed airlift photobioreactor. PLoS ONE 13(9): e0203456.

Para saber mais:

Living Things from Ethan Frier on Vimeo.

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