Syntermes dirus

Família: Termitidae
Subfamília:
Syntermitinae


Se você acha que a cidade de São Paulo é grande demais pra você, é porque não conheceu as inúmeras estruturas que os cupins dessa semana construíram no nordeste brasileiro. Trazemos à vocês a espécie Syntermes dirus, os cupins arquitetos com mania de grandeza, que construíram montículos de terra que chegam aos 20 metros de largura e 3 metros de altura, mas calma que não para por aí. 

Um estudo estimou que são cerca de 200 milhões dessas estruturas (chamadas de murundus na região, ou montículos), que cobrem uma área de 230.000 km² do nosso país (isso é equivalente ao tamanho da Grã Bretanha). Para construir tudo isso, estima-se que esses bichos tenham escavado 10 quilômetros cúbicos de terra (são cerca de 400 pirâmides de Gizé). 

Martin et al. 2018

Esses montículos não são exatamente um único ninho da espécie S. dirus. Durante a história, várias colônias foram se estabelecendo num mesmo local, e cada uma delas construiu suas estruturas por cima dos ninhos das colônias anteriores. Estima-se que alguns desses montículos possuam até 4.000 anos de idade, e não abrigam somente cupins da espécie S. dirus, mas também cupins de outras espécies, como Nasutitermes kemneri, além de espécies de formigas e aranhas, que moram em túneis abandonados.

Essas estruturas são tão grandes, que podem ser vistas em imagens de satélites, como essa aqui ao lado -, mas se você quiser conferir, vá no Google Earth e pesquise pelo município de Caetanos – BA, que você vai encontrar muitos deles por lá.

Apesar dos muitos ninhos na região de Caatinga, estes cupins também ocorrem na Mata Atlântica, Amazônia e Cerrado. São relativamente grandes (podendo chegar perto dos 2 cm de comprimento), e seus soldados possuem cabeças robustas avermelhadas, com mandíbulas fortes, curvadas e pontiagudas, com formato de pinça que podem machucar legal.

Assim como outras espécies do gênero Syntermes, os operários de S. dirus apresentam quatro tipos de operários, que podem ser reconhecidos pela sua morfologia, e indicam diferentes sexos e etapas do desenvolvimento. Os machos que estão no 3º ínstar do desenvolvimento possuem a cabeça num tom amarelado, enquanto que os do 4º instar são amarronzados e mais fortificados. As fêmeas dos 3º e 4º ínstares são relativamente parecidas, e possuem a cabeça num tom mais pálido, variando somente o tamanho. 

Os soldados de colônias jovens de Syntermes  provavelmente se originam de operários machos do 3º ínstar, que se desenvolvem em “pequenos soldados brancos”, que são menores que os soldados de colônias maduras. Esse fenômeno é comum em boa parte das 23 espécies de Syntermes conhecidas e foi visto pela primeira vez justamente em uma colônia do nosso cupim da semana.



Texto por Samuel Marques Aguilera Leite


Referências:

Constantino, R. (1995). Revision of the Neotropical Termite Genus Syntermes Holmgren (Isoptera: Termitidae). The University of Kansas Science Bulletin, Vol. 55, No. 13, pp. 455-518.

Emerson, A. E. (1945). The Neotropical Genus Syntermes (Isoptera: Termitidae). Bulletin of the American Museum of Natural History, Vol. 83: Art.7.

Martin, S. J., Funch, R. R., Hanson, P. R. & Yoo, E. H. (2018). A vast 4,000-year-old spatial pattern of termite mounds. Current Biology 28, R1283-R1295.

Silvestri, F. (1945a). Descrizione di intercaste di Syntermes grandis (Rambur) causate da un protozoo microsporidio. Acta Pontificia Academia Scientiarum 9: 77-89.

Souza, H. J., Delabie, J. H. C., Sodré, G. A., (2020). Termite participation in the soil-forming processes of ‘murundus’ structures     in the semi-arid region of Brazil. Revista Brasileira de Ciência do Solo vol.44.

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