Kathleen Mary Drew-Baker, a “Mãe do Mar” (V.3, N.7, P.8, 2020)

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Pode ser uma surpresa para a maioria das pessoas descobrir que grande parte das algas, não são consideradas plantas (você sabia disso?). A ficologia é uma disciplina das ciências biológicas cujo objeto de estudo são estes organismos, que podem ou não ser plantas. Assim, no primeiro post temático deste mês, em homenagem ao dia nacional da ciência e do pesquisador científico, vamos falar de uma das ficólogas mais importante da história, a britânica Kathleen Mary Drew-Baker, também conhecida pelos japoneses como “Mãe do Mar”.

 

Nascida na cidade de Leigh, Inglaterra, em 1901, Kahtleen recebeu uma bolsa para estudar botânica na Universidade de Manchester, onde graduou-se com a mais alta honra concedida pelas universidades britânicas aos estudantes de destaque. Atuou como professora e pesquisadora desta mesma instituição entre 1922 e 1957, ano de sua morte. Neste período, obteve os títulos de mestre e doutora, esteve por dois anos na Universidade da Califórnia; e junto de sua amiga e também pesquisadora, Margaret T. Martin, fundou a Sociedade Britânica de Ficologia, sendo sua primeira presidente eleita.

 

Mas o que teria feito dela a “Mãe do Mar” para os japoneses?

 

Se você já comeu sushi, deve conhecer a alga chamada de nori. Os japoneses cultivam a nori desde o século XV. Esse cultivo era feito por meio da inserção de varas de bambu em regiões rasas de água salgada, que serviam como suporte para o crescimento das algas a partir de espécimes preexistentes. Tal prática, no entanto, carecia de conhecimento científico; era conhecimento popular transmitido via gerações. Na década de 1940 após uma mudança na forma de produção, sobreveio uma série de tufões em 1948 que dizimaram os berços de produção. Como nada se sabia sobre o ciclo de vida desses organismos, os agricultores não sabiam como reiniciar o crescimento da nori.

 

Kathleen trabalhava com uma alga do mesmo gênero da nori, chamado de Porphyra (essas são plantas!). No ano de 1949, nossa ficóloga publicou um artigo inédito no qual ela descrevia o recém-descoberto ciclo de vida dessas algas. A nori é comercializada e consumida na forma de folhas; no entanto, há uma segunda fase no seu ciclo de vida, na qual essas algas são pequenas como um verme e se alojam em conchas marinhas, onde crescem como filamentos que produzem esporos que, por sua vez, vão dar origem a novos indivíduos da fase comestível.

 

Assim, a solução para os agricultores da nori era utilizar conchas de moluscos para cultivar a fase microscópica da alga que daria origem à fase comercializável. Essa nova técnica não só permitiu que a produção fosse retomada, como também possibilitou uma estabilidade inédita a esses produtores, uma vez que o cultivo se tornou autossuficiente. Por essa razão, os japoneses apelidaram Kathleen como a “Mãe do Mar”. Foi erguido em sua homenagem um monumento na cidade de Uto, Japão, onde desde 1953 há um festival anual chamado de “Drew festival”. E sua história inspira cientistas no mundo todo.

 

Texto por Gabriel Tognella Poccia
Ilustração por Rodrigo Paulino (publicação original)

 

Para saber mais sobre a Kathleen e as Porphyra:

 

[1] CATANDO ALGAS. Kathleen Mary Drew-Baker. Disponível em: <http://catandoalgas.blogspot.com/…/normal-0-21-false-false-…>. Acesso em: 08/07/2020.

[2] NATIONAL GEOGRAPHIC. Like Sushi? Thank a Female Phycologist for Saving Seaweed. Disponível em: <https://www.nationalgeographic.com/…/like-sushi-thank-a-fe…/>. Acesso em: 08/07/2020.

[3] THE SEAWEED SITE: INFORMATION ON MARINE ALGAE. Nori Cultivation. Diponível em: <http://www.seaweed.ie/aquaculture/noricultivation.php>. Acesso em: 08/07/2020.

[4] BBC. The Mother of the Sea. Disponível em: <https://www.bbc.co.uk/sounds/play/b04g7rd5>. Acesso em: 08/07/2020.

 

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