Resenha – O último teorema de Fermat (V.1, N.5, P.3, 2018)

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Tempo de leitura: 3 minutos
#acessibilidade Foto da capa do livro “O último teorema de Fermat”, de Simon Singh. A capa é dividida em três partes, sendo a de cima e a de baixo laranjas e a do meio preta. Na do meio há uma pintura de Fermat ao centro, dentro de um triângulo amarelo, dentre de um círculo com fundo vermelho repleto de letras e números escritos em branco. Na de cima pode-se ler o nome do livro em preto e a marca da coleção BestBolso, da editora Record. Na de baixo há a inscrição “A história do enigma que confundiu as mais brilhantes mentes do mundo durante 358 anos” em amarelo e o nome do autor em preto.

Texto escrito pela colaboradora Attalya Felix, colaboradora do Núcleo Interdisciplinar de Neurociência Aplicada

Simon Singh narra em 324 páginas a saga daqueles que ousaram desvendar o Graal da matemática, o Teorema de Fermat. A busca pela sua solução resistiu aos maiores nomes da matemática por mais de 300 anos. Na simplicidade de sua proposição é onde repousa a maior beleza deste teorema, o qual pode ser compreendido por uma criança de dez anos. Contrastando com a leve feição da charada, sua solução requereu esforço de várias gerações de amadores e talentosos matemáticos. E é Singh que nos guia através dessa jornada, uma aventura entre célebres matemáticos e amadores de 16 anos que obtiveram pequenas glórias ao enxergar o que gênios dedicados deixaram escapar.

Por mais que o conhecimento matemático não seja o mais popular e sua lógica venha afeiçoar alguns poucos, a escrita habilidosa de O último teorema de Fermat é capaz de seduzir qualquer um, nos permitindo um vislumbre de uma parte quase que inatingível da matemática até mesmo para acadêmicos da área, um privilégio. As técnicas necessárias para a solução do teorema de Fermat são expostas de maneira intuitiva, com analogias que permitem ao leitor não-habituado ao pensamento matemático acompanhar a narração de maneira agradável através de demonstrações didáticas e simplificadas dos desafios vencidos rumo à solução do problema, além de apêndices para os que tiveram sua curiosidade matemática desperta.

Singh nos leva pela história da matemática como se fôssemos um visitante desejado, o qual é cortesmente recebido em ricas mansões e pequenos casebres que vivem na memória distante daqueles que presenciaram grandes momentos e discretas alegrias, trazendo críticas sutis, por meio daqueles que foram deixados à sombra da história, aos velhos tabus presentes ainda em nossa sociedade como a importante contribuição das mulheres e de homossexuais em seu desenvolvimento.

O Último Teorema de Fermat, em sua modéstia e despretensão, não tem apenas um valor didático sobre a história da matemática, ele é capaz de inspirar grandes reflexões sobre a forma como conhecemos o mundo. A matemática é quase uma maneira de reescrever a forma de pensar através de uma linguagem que, apesar de universal, não tem como fim principal comunicar, e sim nos revelar. É uma forma de conhecimento que de imediato exala muito mais da nossa arquitetura cognitiva do que do próprio mundo, diferindo-se da ciência, onde uma teoria só pode ser refutada ou fortalecida, mas nunca provada, a matemática, como produto claro da nossa própria mente, é a única forma de conhecimento que pode ser provada por ela mesma.

Somos conduzidos através de uma matemática que, apesar de ter sido utilizada na espionagem e no estudo da evolução, não se preocupa em gerar modelos úteis para o mercado de ações ou para quantificar o decaimento de sinapses em doenças neurodegenerativas. Essa matemática apenas se preocupa em desvendar a natureza dos números. Sem aspirações de utilidade para o nosso progresso, nos revela a pureza quase sagrada desse tipo de conhecimento. A matemática descrita por Singh é uma celebração do domínio sobre a técnica da mente.

Fontes:

Fonte da imagem destacada: Internet.

Outros divulgadores:

Vídeo do canal Toda a Matemática sobre o último teorema de Fermat no YouTube

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